Death Stranding: Data de Lançamento, Conexões e Homo Ludens

Edisson Schwartzhaupt
4 min readMay 29, 2019

--

Nesta quarta-feira(29) saiu o trailer de lançamento de Death Stranding, jogo de estréia da Kojima Productions. Já fazia um tempo desde o anúncio da data, porém não era certo sobre o que seria revelado no dia. Agora temos uma data oficial de lançamento do tão misterioso jogo do Hideo Kojima: 08 de Novembro. Mas em relação à história? O trailer consegue resolver nossas dúvidas em alguns aspectos da gameplay e da narrativa, no entanto cria novas questões que só parecem ser resolvidas jogando — ou nem assim.

Sobre as novidades: temos gameplay, mostrando tanto a mecânica de ação quanto de stealth. Teremos uso de armas e combate corpo-a-corpo. Também foi apresentados alguns aspectos da locomoção, como a moto. Porém as grandes novidades vieram na narrativa, principalmente no elenco e nos personagens que foram enfim revelados. Entre os novos temos Mama interpretado por Margaret Qualley, Heartman por Nicolas Windin Refn e Die-Hardman por Tommie Earl Jenkins. Esses personagens compõe a equipe da Bridges, organização para qual o protagonista Sam trabalha. O personagem de Guillermo del Toro, Deadman, também faz parte do time.

No trailer é apresentado um lado menos sombrio do personagem Cliff, interpretado por Mads Mikkelsen. Inclusive é revelado sua possível responsabilidade pelo icônico bebê que é carregado por Sam. Outro personagem que aparece é o de Troy Baker, sendo revelado em um teaser anterior como Man in the Golden Mask. Seu nome é Higgs e parece ter uma relação próxima com um grupo chamado Homo Demens, classificados na trama como “separatistas”.

Conexões

Uma característica reforçada constantemente é o tema do jogo: conexões. Em entrevistas anteriores Kojima já tinha revelado que a narrativa teria esse elemento fundamental, e explicou a importância do termo stranding(cordas). Tanto que fica entendido que a missão principal de Sam é reconectar a América. Mas ainda é um mistério exatamente como essa divisão é tomada. Por certas pistas podemos entender como algo dimensional e que tem impacto direto no tempo. Vemos cenários da primeira guerra mundial que poderiam representar um fragmento dessa parte do mundo que sofreu alguma anomalia.

“It’s so hard to form connections when you can’t shake hands. Fortunately, i’ve got a good connection with the other side”. HIGGS

Os designados BTs — provavelmente os vultos pendurados em cordas — são algo referente a essa anomalia, pois de novo é mencionado a habilidade do Sam de senti-los. Nesse cenário caótico parece se desenrolar a trama por trás de algumas organizações, prometendo um jogo bem denso politicamente, o que é normal vindo de Hideo Kojima. Entre estes grupos temos a Bridges — responsável por reconectar o mundo — , os Homo Demens — separatistas — e a Fragile Express, este último pertencente à personagem “Fragile” de Léa Seydoux.

Por fim este parece ser o tema principal a ser explorado, a necessidade de conexão dos seres humanos, servindo também como assunto psicologicamente explorado em Sam. Essa conclusão pode ser tirada em seus diálogos com a personagem Amelie, interpretada por Lindsay Wagner – responsável por dar início à tarefa de Sam.

Homo Ludens

Neste tópico eu gostaria de falar sobre o termo Homo Ludens, uma provável peça chave para entendermos as intenções de Hideo Kojima neste novo jogo. Este termo provém do historiador holandês Johan Huizinga, no seu livro Homo Ludens: O jogo como elemento da cultura (1938) — Ludens” significa “jogar” em Latim. Neste livro Huizinga analisa historicamente a ideia do jogo e como ela se dissipou na nossa cultura, realçando seu papel importante no desenvolvimento humano. Por trás dessa ideia, vemos Kojima propagando o mesmo pensamento. Pois essa foi uma mensagem que ele passou quando criou a Kojima Productions, ficando ainda mais evidente quando batizou seu mascote com o nome Ludens.

“Todo ser pensante é capaz de entender à primeira vista que o jogo possui uma realidade autônoma, mesmo que sua língua não possua um termo geral capaz de defini-lo. A existência do jogo é inegável. É possível negar, se se quiser, quase todas as abstrações: a justiça, a beleza, a verdade, o bem, Deus. É possível negar-se a seriedade, mas não o jogo.” HUIZINGA, Johan. 1938.

Embora não seja fácil compreender essa ideia de Huizinga, provavelmente é o que Kojima quer mostrar em seu jogo, ou melhor, nos fazer sentir. Mesmo que permaneça um mistério em como as conexões online funcionarão em Death Stranding, sabemos que isso vai ter influência direta na nossa jogatina. E é esse elemento que vai nos mostrar como Kojima pretende transcender o significado do próprio jogador dentro do jogo. Não só no campo das ideias, mas buscando trazer de fato a presença de quem joga pra dentro da obra — algo que já foi parcialmente explorado por Hideo Kojima.

Por fim não nos resta mais nada se não esperar o lançamento desse próximo exclusivo do Playstation 4. Daqui alguns meses poderemos então interpretar todos os fragmentos do misterioso e complexo jogo de Hideo Kojima.

--

--